A Polícia Civil tem um foco bem claro para tentar frear a ação do tráfico de drogas em Santa Maria em 2015. A atenção dos policiais da Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) está voltada para médios e grandes traficantes, muitos de fora de Santa Maria, responsáveis por abastecer diversos pontos de comércio de drogas na cidade.
A estratégia não é muito diferente da que foi adotada em 2014, quando a Defrec passou a se concentrar nos fornecedores, e não nos donos de bocas de fumo. E algumas questões foram aprimoradas para garantir que o tiro contra o tráfico seja ainda mais certeiro.
No ano passado, foram apreendidos 68,37% de todos os entorpecentes localizados pela Defrec nos últimos quatro anos. Ao longo de 2014, foram apreendidos 677,6 quilos de maconha, 13,3 quilos de crack e 16,3 quilos de cocaína (veja quadro), um recorde segundo as estatísticas da Defrec. A maior parte da droga, cerca de 90%, era trazida para Santa Maria a partir da Região Metropolitana.
De acordo com o delegado Sandro Meinerz, titular da Defrec, antes, a ação era focada nos traficantes menores, mas eles ficavam pouco tempo presos ou as bocas eram tomadas por outros pequenos traficantes.
- Vamos repetir essa estratégia, que está dando certo e que fez com que, em alguns momentos, faltasse maconha na cidade e o tráfico chegasse a ser suspenso em alguns pontos - diz Meinerz.
Em muitos dos 50 assassinatos do ano passado - para a polícia, o número chega a 52, pois ela contabiliza a morte de uma mulher que desapareceu em Santa Maria e cujo corpo foi encontrado em Restinga Seca e a de um homem que morreu no dia 1º de janeiro de 2015, mas que foi ferido em 31 de dezembro de 2014 -, a motivação do crime estava ligada às drogas.
- Estamos fazendo um controle rigoroso de tudo o que envolve o tráfico. A cada homicídio, por exemplo, fazemos um estudo para saber se pode haver alguma ligação com as drogas - explica o delegado Meinerz.
Um dos motivos que teria desencadeado tantas mortes é que, com a droga escassa, não pagar por uma dívida do tráfico pode ter um preço tão caro que só pode ser pago com a própria vida.
- Reduzindo a ação dos traficantes, vamos impedir que outros crimes aconteçam e, certamente, também muitas mortes - afirma Meinerz.
Liderança das mulheres chama a atenção da polícia
Entre as cerca de 60 pessoas que foram presas em Santa Maria em 2014 por suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas, um dado chamou a atenção da Polícia Civil. Enquanto os homens acabam cumprindo penas por mais tempo por terem mais dificuldade de conseguir a liberdade provisória, a maioria das mulheres tem deixado a prisão e passado a chefiar o tráfico.
- Elas nunca estiveram tão envolvidas quanto atualmente, viraram grandes negociantes. Estão comprando, negociando, vendendo e chefiando, por mais que a maioria nesse meio ainda seja de homens - afirma o delegado Sandro Meinerz.
Então, se a polícia está focada nos grandes traficantes, os donos de boca de fumo podem ficar aliviados? A Brigada Militar (BM) garante que não. A estratégia da BM será fazer operações pontuais para fechar pontos de venda e localizar usuários que possam fazer os policiais chegarem aos pequenos traficantes.
Segundo o tenente-coronel Sidenir Cardoso, que responde pelo Comando Regional de Policiamento Ostensivo (CRPO), as operações devem se concentrar na Zona Oeste, em Camobi, principalmente no Beco do Beijo, e nas proximidades de praças, onde há mais ocorrências envolvendo o comércio de drogas.